INTRODUÇÃO
Qualquer procedimento cirúrgico, por mais simples que seja, envolve algum risco de complicações. Felizmente, as complicações menos graves costumam ser mais frequentes e complicações mais sérias tendem a ser mais raras. Além disso, a maioria delas acaba levando apenas a um prolongamento do período de recuperação, sem comprometer o resultado final da cirurgia.
Numerosos estudos já demonstraram que o resultado de uma cirurgia depende tanto da parte técnica quanto de uma relação médico-paciente baseada em respeito e confiança mútua. Portanto, gostaríamos que você conhecesse todos os possíveis riscos existentes em cirurgia plástica. Nosso objetivo é educar nossos pacientes para que eles possam encarar o procedimento desejado com mais segurança e menos ansiedade.
Neste capítulo, procuramos incluir os riscos e sintomas que podem ocorrer em qualquer tipo de cirurgia plástica. Obviamente, cada cirurgia tem as suas particularidades e riscos; portanto, a leitura deste capítulo e do capítulo específico sobre a sua cirurgia são obrigatórios.
Finalmente, acreditamos que um resultado insatisfatório é pouco provável. Portanto, a nossa equipe altamente especializada tentará proporcionar a você uma experiência confortável e sem intercorrências. Da mesma forma, caso ocorra algum problema, nos dedicaremos ao máximo para resolvê-lo junto com você.
SINTOMAS NORMAIS
INCHAÇO E EQUIMOSES: o inchaço e as equimoses (manchas azuladas/arroxeadas devido a pequenos sangramentos abaixo da pele) são normais após qualquer tipo de cirurgia, devido ao acúmulo dos fluidos que integram a resposta inflamatória ao procedimento cirúrgico. Estes fluidos são absorvidos pelo corpo durante o processo de cicatrização, sendo que uma melhora notável pode ser apreciada após duas a quarto semanas. Porém, um aumento repentino ou muito intenso destes sinais pode indicar a existência de sangramento ou infecção. Em caso de dúvida, ligue imediatamente para a nossa equipe. Apesar do incômodo, estas alterações temporárias são normalmente compensadas pela grande melhora física e psicológica proporcionada pelo resultado final. DESCONFORTO E DOR: desconforto e dor discreta a moderada são normais após qualquer tipo de cirurgia, também devido à resposta inflamatória. Portanto, procure seguir rigorosamente as orientações contidas em cada capítulo específico e a prescrição médica. Caso não haja melhora, ligue imediatamente para a nossa equipe.
CROSTAS NAS INCISÕES: à medida que o processo de cicatrização progride, podem surgir crostas nas linhas de sutura. Estas crostas, constituídas de substâncias orgânicas, são facilmente colonizadas pelos microorganismos responsáveis pela infecção. Portanto, é importante manter a incisão sempre limpa, retirando-as conforme as instruções contidas no capítulo de troca de curativos.
DORMÊNCIA: os pequenos nervos sensitivos presentes na superfície da pele podem ser lesados pela incisão ou durante as etapas da cirurgia. Isto é inevitável e imprevisível. Felizmente, a sensibilidade costuma retornar gradualmente em dois a três meses, graças à cicatrização espontânea das terminações nervosas. A persistência deste sintoma é rara.
PRURIDO: o prurido e pequenas sensações de choque elétrico na pele são comuns durante o período de recuperação e resultam da cicatrização das terminações nervosas. Tratamentos com gelo, hidratantes, massagens, e medicamentos podem ser eficazes.
ALTERAÇÃO NA COLORAÇÃO DAS CICATRIZES: normalmente, as cicatrizes recentes apresentam cor vermelha, rosa escuro, ou roxa, devido à grande proliferação de colágeno (um dos principais elementos da pele). Porém, todas as cicatrizes sofrem um processo de maturação, que se inicia após alguns meses. As cicatrizes na face normalmente clareiam em 3 a 6 meses; em outras áreas do corpo, isto pode demorar até 1-2 anos.
CONSTIPAÇÃO: a constipação pode ocorrer devido ao uso das medicações analgésicas e pode ser tratada utilizando laxativos comuns. O leite de magnésia (2-4 colheres de sopa misturadas a uma quantidade idêntica de água) e os supositórios de glicerina (uma unidade via retal a cada 12 horas) são opções eficazes.
RISCOS EM CIRURGIA PLÁSTICA
SANGRAMENTO: podem ocorrer sangramentos durante ou após a cirurgia, interferindo nos processos de cicatrização e aumentando o risco de infecção. Portanto, pode ser necessário tratamento de urgência para drenar o sangue acumulado. Visando minimizar os riscos, não utilize aspirina, antiinflamatórios, ou qualquer outro medicamento “proibido” (consulte a lista no apêndice x) por duas semanas antes ou após a cirurgia. Fatores como a hipertensão descontrolada, dor, vômitos, esforço excessivo e constipação podem causar sangramento após a cirurgia- portanto, obedeça rigorosamente à prescrição médica e às orientações pós-operatórias contidas em cada capítulo específico.
SEROMA: independente do uso dos drenos, podem ocorrer acúmulos de fluido entre a pele e as estruturas profundas devido a liquefação de gordura. Se isto ocorrer, podem ser necessários procedimentos como massagens, curativos compressivos, e até mesmo a drenagem do líquido através de uma punção com agulha fina.
INFECÇÃO: graças a fatores como preparo adequado dos pacientes, técnica cirúrgica cuidadosa, infra-estrutura hospitalar de última geração e cuidados pós-operatórios meticulosos, a incidência de infecção tem sido progressivamente reduzida. É importante que você saiba reconhecer os seus sinais e sintomas, para que possa nos avisar imediatamente. Os sinais sistêmicos incluem febre, sensação de moleza e calafrios; os sinais locais mais comuns são vermelhidão ao redor da incisão, inchaço, dor, calor e saída de secreção purulenta por entre os pontos. Embora as infecções superficiais possam ser tratadas apenas com curativos e pomada antibiótica, as infecções mais profundas podem necessitar de antibióticos e até cirurgia.
LESÃO DE ESTRUTURAS PROFUNDAS: estruturas profundas como vasos sanguíneos, músculos e nervos podem ser lesadas durante a cirurgia. A ocorrência destas lesões depende da técnica cirúrgica empregada e os sintomas podem ser temporários ou permanentes. Em relação aos nervos, tanto os motores quanto os sensitivos podem ser lesados, levando a graus variáveis de paralisia muscular e a alterações de sensibilidade na região operada. Estas alterações costumam ser temporárias e o retorno da função normal ocorre habitualmente após alguns meses. Felizmente, as sequelas permanentes são raras.
ABERTURA DA FERIDA OU CICATRIZAÇÃO PROLONGADA: durante o período de cicatrização, qualquer incisão pode evoluir de forma mais lenta. Alguns fatores que podem interferir nestes processos são a inflamação, infecção, tensão na ferida, diminuição da circulação, tabagismo, pressão externa, desnutrição, carência de vitaminas, diabetes e outras síndromes clínicas. Portanto, é fundamental estar em boas condições de saúde para minimizar as chances de complicações. Felizmente, o resultado final não costuma ser significativamente afetado e pode ser melhorado, caso seja necessário, através da realização de pequenas cirurgias revisionais.
CICATRIZES: apesar da utilização das técnicas mais modernas em cirurgia plástica, é possível que cicatrizes anormais surjam na pele e/ou nos tecidos profundos. Curiosamente, algumas pessoas e/ou regiões do corpo (peito, ombro e face) possuem uma tendência à formação de cicatrizes hipertróficas e quelóides. As cicatrizes podem apresentar relevo e coloração diferentes da pele vizinha, sintomas como queimação e prurido e podem alargar-se discretamente durante o pós-operatório. Infelizmente, é impossível prever a resposta de cada paciente em termos de cicatrização. Portanto, além do emprego de técnica cirúrgica refinada como medida preventiva, tratamentos adicionais incluindo curativos especiais, injeção de corticóides, aplicação de placas de silicone e/ou espuma compressiva, antibióticos, radioterapia e até cirurgia podem ser necessários para melhorar o aspecto destas cicatrizes. Finalmente, pacientes fumantes apresentam maior risco de complicações em relação à cicatrização.
ALERGIAS: ocasionalmente, podem ocorrer reações alérgicas às substâncias anti-sépticas, pomadas, suturas, esparadrapos e medicamentos utilizados durante o tratamento. Estes problemas são normalmente raros, simples e facilmente resolvidos através da suspensão ou substituição do agente causador. Em circunstâncias extremamente raras, as reações alérgicas podem ser graves e necessitarem de tratamento hospitalar. Os sinais de alergia incluem o aparecimento de placas ou manchas avermelhadas na pele (especialmente nas partes expostas ao sol), inchaço e prurido no local onde houve contato com o agente responsável. Portanto, pedimos que interrompa imediatamente o uso de qualquer medicamento que leve ao aparecimento destes sintomas e ligue imediatamente para a nossa equipe.
ASSIMETRIA: o corpo humano é naturalmente assimétrico. Portanto, podem haver pequenas variações em relação à simetria dos resultados obtidos pela cirurgia, especialmente em casos onde a assimetria esta presente antes do procedimento. Apesar de executarmos a cirurgia seguindo um planejamento técnico rigoroso que normalmente é capaz de proporcionar um resultado satisfatório, é impossível garantir a perfeita simetria dos resultados. Caso haja assimetria, pequenos procedimentos revisionais podem ser suficientes para a sua correção.
RESULTADO INSATISFATÓRIO E CIRURGIAS REVISIONAIS: os procedimentos em cirurgia plástica visam corrigir deformidades e melhorar a aparência. Apesar dos procedimentos serem realizados com uma grande probabilidade de sucesso, a especialidade não é uma ciência exata e a insatisfação pode ocorrer tanto para os pacientes quanto para o cirurgião. Felizmente, os resultados adversos são raramente permanentes e podem ser melhoradas através da realização de cirurgias revisionais.
COMPLICAÇÕES GRAVES: complicações clínicas graves como alguns tipos de reação alérgica a medicamentos, embolia pulmonar, arritmias cardíacas, infarto e hipertermia maligna são extremamente raras. Portanto, é fundamental que você informe a nossa equipe sobre qualquer condição clínica pré-existente durante a consulta médica, para que possamos planejar a sua cirurgia de forma segura. A realização das cirurgias em hospitais moderníssimos e com técnicas de anestesia de última geração tem reduzido a ocorrência destas complicações significativamente.
