RINOPLASTIA: BATE BOLA COM DR. ALAN LANDECKER

1) Por que a Rinoplastia Estruturada é considerada uma técnica mais avançada do que as outras cirurgias de nariz?

A técnica tradicional (RINOPLASTIA REDUTORA) enfatiza somente a redução do esqueleto do nariz através da retirada de quantidades variáveis de cartilagem e osso. A retirada pura e simples de cartilagem enfraquece a capacidade de sustentação do esqueleto do nariz, fazendo com que as cartilagens remanescentes fiquem mais vulneráveis aos efeitos do tecido de cicatrização que sempre se forma após esta cirurgia. Este tecido costuma contrair e exercer forças de tração sobre as cartilagens que, devido ao seu enfraquecimento (e ao envelhecimento natural e progressivo dos tecidos), não conseguem resistir e acabam sendo deformadas após certo tempo. Além disso,a respiração normal resulta num efeito de sucção que tende a puxar as cartilagens da região média e ponta do nariz em direção à parte interna do nariz, ajudando a promover colapso/pinçamento das cartilagens e diminuição do tamanho das vias aéreas. Infelizmente, este processo parece ser lento, gradual, pode ocorrer por muitos anos e é intuitivamente mais comum em pacientes que possuem cartilagens frágeis por natureza. Sem uma boa base de sustentação, a pele que recobre as cartilagens tende a ceder e contrair, causando deformações estéticas (depressões, abaulamentos, assimetrias, etc.) e pode obstruir a passagem de ar. É por isso que, infelizmente, muitos pacientes relatam que o nariz tinha boa aparência após alguns anos da cirurgia, mas apresentou piora de função e/ou estética ao longo do tempo.

A filosofia básica da técnica ESTRUTURADA é visualizar o esqueleto do nariz completamente utilizando a técnica aberta, esculpir as cartilagens e ossos de forma conservadora, precisa e simétrica, melhorar a parte respiratória tratando desvios de septo ou hipertrofia de cornetos e fortalecer/estabilizar o esqueleto nasal remanescente usando enxertos de cartilagem (retirada do septo) e pontos de fixação. O resultado é um nariz com estrutura esculpida porém fortalecida, que tem muito menos chance de ser distorcido pelo tecido de cicatrização e pelos outros fatores citados acima. Em outras palavras, esta técnica oferece resultados estéticos e funcionais mais previsíveis, consistentes e duradouros.

2)Como é o passo-a-passo dessa cirurgia?

1. Realização de estudos fotográficos/matemáticos detalhados das proporções do nariz em relação à face do paciente. Estes estudos são feitos durante a consulta e determinam o planejamento da cirurgia, sendo que o objetivo é individualizar artesanalmente as dimensões do novo nariz às necessidades e desejos de cada paciente. Após uma análise cuidadosa, desenhos em papel vegetal sobreposto às fotografias são produzidos para ilustrar os objetivos (em termos de técnica e resultado) da cirurgia ao paciente. Os desenhos são levados à sala de cirurgia, servindo como guia para o cirurgião realizar a rinoplastia.

2. Abertura do nariz, com elevação da pele para visualizar as cartilagens e ossos completamente. Diagnóstico das alterações presentes.

3. Abordagem do dorso do nariz, retirando os excessos de cartilagem e osso de forma individualizada e segura, sem lesar tecidos vitais desnecessariamente. Em outras palavras, a altura do dorso é ajustada esculpindo uma estrutura de cada vez, o que aumenta a previsibilidade do resultado final e ajuda a evitar a ressecção excessiva do esqueleto. Além disso, a mucosa é mantida íntegra, evitando a formação de cicatrizes internas que podem comprometer o fluxo de ar dentro do nariz.

4. Septoplastia e/ou retirada de cartilagem do septo. Esta etapa visa corrigir desvios de septo e obter cartilagem para esculpir os enxertos que fortalecerão o esqueleto do nariz.

5. Fabricação e inclusão de SPREADER GRAFTS no dorso para estabilizar as estruturas remanescentes do dorso. Estes enxertos, que são usados em pelo menos 70% dos pacientes, servem para evitar que as cartilagens triangulares (principais integrantes da região média do nariz) entrem em colapso após a cirurgia. Isto é fundamental, pois este colapso aumenta a resistência à passagem de ar e piora a respiração do paciente.

6. Fabricação e inclusão de uma ESTACA COLUMELAR entre as cartilagens da ponta do nariz. Este enxerto servirá como pilar de sustentação para a escultura da ponta, manterá a projeção e posição da ponta após a cirurgia e ajudará a evitar deformações pós-operatórias.

7. Execução de fraturas ao longo da junção entre os ossos do nariz e os ossos da face, visando “afinar” o dorso. Realizamos estas fraturas por fora do nariz, pois esta técnica é menos agressiva, tem um índice de lesão da mucosa interna do nariz de cerca de 11% (versus 73% da técnica por dentro do nariz) e oferece maior controle ao cirurgião. Por ser menos agressiva, a recuperação do paciente após a cirurgia é mais rápida e confortável.

8. Escultura das cartilagens da ponta. Isto pode ser feito através da retirada dos excessos de cartilagem, colocação de enxertos para moldar/retificar/fortalecer as cartilagens e utilização de pontos de fixação para estabilizar as estruturas. Na maioria dos casos, todas estas técnicas são usadas simultaneamente.

9. Fechamento cuidadoso do nariz, inclusão de splints de silicone com uma canaleta de ar embutida e aplicação de curativo ímobilizador. Este sistema possibilita que o paciente saia da sala respirando pelo nariz, sem a necessidade de utilizar um tampão.

Na rinoplastia secundária (conserto do nariz), os mesmos princípios descritos acima para a execução de uma cirurgia primária são seguidos. A reconstrução do dorso nasal é feita utlizando SPREADER GRAFTS e um enxerto de cartilagem colocado em cima dos spreader grafts quando aumentos de altura são necessários. A idéia é reestabelecer o fluxo de ar e as proporções estéticas ideais do dorso.

A reconstrução da ponta nasal tem como objetivo produzir um tripé formato por um eixo inferior e dois eixos superiores. Este princípio do tripé, que foi descrito por Anderson, deve proporcionar uma ponta nasal com aparência estética agradável e boa rigidez estrutural. O eixo inferior será composto de uma ESTACA COLUMELAR e pelos dois ramos mediais das cartilagens alares, que devem ser firmemente suturados ao enxerto (estaca columelar). Esta estaca serve como pilar de sustentação e como base para a escultura da ponta. Cada um dos dois eixos superiores será formado pelo ramo lateral da cartilagem alar remanescente, fortalecido por uma VIGA DE RETIFICAÇÃO ALAR. A viga de retificação alar, que deve ser suturada à cartilagem remanescente, produzirá uma unidade reta e forte. Esta nova unidade retificada sustentará a asa da ponta do nariz e corrigirá as deformidades de contorno (como depressões e abaulamentos) que eram causadas pela fraqueza do ramo lateral da cartilagem alar ressecado em excesso. Em casos mais graves, quando não há cartilagem alar remanescente, estes enxertos passam a se chamar VIGAS DE SUBSTITUIÇÃO ALAR e acabam sustentando a asa nasal sozinhos. O toque final de refinamento da ponta é realizado suturando as extremidades distais dos dois eixos superiores à extremidade distal do eixo inferior, produzindo um tripé. A fonte preferida dos enxertos é o septo, pois o mesmo possui cartilagem naturalmente reta, forte, fácil de esculpir e não é necessário realizar incisões em outro local do corpo. Quando não há cartilagem suficiente, como em pacientes com deformidades muito significativas (inclusive no dorso do nariz) e/ou que já realizaram septoplastia, pode ser necessário utilizar cartilagem da costela ou (raramente) da orelha.

3) Quanto tempo demora e qual tipo de anestesia utilizado?

Uma rinoplastia primária dura cerca de 2-3 horas. A rinoplastia secundária é bem mais complexa e pode durar 4-6 horas. A anestesia é quase sempre geral.

4) Quais as vantagens e desvantagens da técnica?


O emprego da rinoplastia aberta estruturada em casos primários e para corrigir as deformidades do nariz (rinoplastia secundária) tem as seguintes vantagens:

• A rinoplastia aberta oferece a possibilidade de esculpir as cartilagens e ossos com maior precisão do que a técnica fechada, pois a técnica aberta oferece visualização direta do esqueleto que forma o dorso e a ponta do nariz. Desta forma, o cirurgião consegue diagnosticar os fatores responsáveis pela deformidade com muito mais precisão.

• A abordagem aberta facilita a retirada de cartilagem do septo, que é o material preferido para fabricar os enxertos que serão usados no fortalecimento do esqueleto remanescente.

• A visão direta oferece a possibilidade de fixar as cartilagens e enxertos com mais segurança e precisão, visando combater o efeito distorsivo do tecido de cicatrização após a cirurgia.

• A escultura (refinamento) da ponta, assim como ajustes de rotação e projeção, são mais precisos e fáceis de executar.

• A remoção de tecido de cicatrização excessivo formado entre as cartilagens e a pele devido à(s) cirurgia(s) anterior(es) é mais fácil e precisa.

• As técnicas descritas, quando executadas corretamente, oferecem resultados são mais previsíveis, duradouros e consistentes (pelos motivos expostos na primeira pergunta).

O emprego da rinoplastia aberta estruturada em casos primários e para corrigir as deformidades do nariz (rinoplastia secundária) tem as seguintes desvantagens:

-Maior tempo cirúrgico

-O inchaço da ponta pode demorar um pouco mais para desaparecer.

-A rinoplastia aberta deixa uma cicatriz externa praticamente imperceptível a uma distância de conversação normal. A qualidade desta cicatriz depende fundamentalmente da execução correta da incisão e do fechamento por parte do cirurgião, sendo que menos de 5% dos pacientes se queixa do aspecto estético da cicatriz após 1 ano da cirurgia.

-Estas técnicas são mais “agressivas”, pois uma dissecção mais extensa é necessária para expor as cartilagens que sobraram, produzir os enxertos e reconstruir o nariz. Porém, o novo nariz terá uma estrutura mais sólida e resistente do que antes da cirurgia, oferecendo ao paciente um resultado estético e funcional mais consistente, previsível e duradouro.

De qualquer forma, como vimos anteriormente, os benefícios da rinoplastia aberta são muito mais significativos do que as desvantagens!

5) Ela pode ser realizada para solucionar qualquer problema estético no nariz??

Ela é capaz de solucionar quase qualquer problema, desde que não haja impossibilidade de operar (ex. contraindicação psicológica, risco muito alto, tecidos desfavoráveis, etc)

6) A paciente precisa fica internada após a cirurgia?

Não, pois recebe alta no mesmo dia.

7) Quais os cuidados que devem ser seguidos no pós-operatório?

Pacientes submetidos à rinoplastia devem permanecer em repouso absoluto por 5-7 dias, mantendo a cabeça sempre elevada. Durante os primeiros dias, recomendamos alimentos frios e de consistência pastosa para facilitar a mastigação. O curativo e os pontos são normalmente removidos após 7 dias, sendo substituído por um curativo de esparadrapo por mais 1 semana em alguns casos.

A análise do resultado final requer paciência, já que a reabsorção do inchaço é especialmente lenta nesta região. Alguns resultados parecem excelentes após 1-2 meses, enquanto outros necessitam de mais tempo para a cicatrização completa. Em geral, o resultado final pode ser apreciado somente após 1 ano. Inclusive, recomendamos a aplicação de compressas geladas e a realização de fisioterapia para acelerar a cicatrização dos tecidos e o desaparecimento das manchas roxas que podem aparecer ao redor dos olhos.

Assim como em qualquer cirurgia plástica, a proteção do sol é fundamental durante os primeiros meses para evitar o aumento do inchaço e o aparecimento de manchas na pele. As atividades físicas podem ser retomadas após 3-4 semanas, sendo que qualquer modalidade com risco de traumatismo nasal deve ser evitada por 2 meses.

8) Existe alguma dica que a paciente possa fazer antes da cirurgia para ajudar na recuperação?

Não.

9) Qual o preço médio dessa cirurgia?

O preço é muito variável e difícil de precisar, pois depende da dificuldade técnica de cada caso.