A cirurgia plástica tem se desenvolvido significativamente nos últimos anos. Atualmente é possível obter resultados que antigamente seriam inimagináveis graças ao surgimento de técnicas mais sofisticadas e mais seguras. Esta revolução ocorreu graças ao estudo científico incansável e disseminação das novas tecnologias entre vários especialistas, ao ambiente sócio-cultural favorável e à ampla disseminação da especialidade na mídia.
A especialidade assumiu grande importância na sociedade moderna, ajudando a proporcionar harmonia e bem-estar a pacientes portadores dos mais variados tipos de deformidades, resgatando a auto-estima e promovendo a reintegração do indivíduo no seu grupo social. Isto também se aplica à cirurgia estética, pois uma boa aparência é capaz de exercer uma influência positiva sobre vários aspectos da vida social, profissional e até pessoal. Enfim, a filosofia da cirurgia plástica é ajudar o paciente a melhorar a sua qualidade de vida.
Muitos se perguntam quais seriam os motivos para procurar a cirurgia plástica. A resposta é tentar desenvolver o propósito fundamental da vida: atingir uma sensação de realização e felicidade. Porém, o paciente que procura a cirurgia plástica deve entender que o tratamento não é capaz de resolver problemas como a infelicidade no casamento, dificuldades profissionais e alterações psiquiátricas, especialmente se o paciente credita estes problemas à sua aparência. Portanto, os motivos devem ser sempre realistas.
É importante perceber que a especialidade não é apenas uma ciência exata, e sim também uma arte na qual o cirurgião é desafiado por numerosas variáveis. Independente delas, é importante perceber que o grau de sucesso de uma cirurgia depende de vários fatores e não apenas da habilidade do médico. Aspectos como idade, saúde, textura da pele, estrutura óssea, doenças associadas e fatores inerentes à cicatrização podem influenciar no resultado final. Quando todas estas variáveis colaboram, a chance de um resultado satisfatório aumenta significativamente.
A cirurgia plástica estética foi desenvolvida visando reverter ou disfarçar alguns dos sinais evidentes do envelhecimento. Porém, nem sempre é possível recriar as condições que existiam na juventude, assim como às vezes pode ser impossível atingir as expectativas do paciente. Portanto, através de cirurgias cuidadosamente planejadas (cuja técnica é aperfeiçoada após muitos anos de árduo treinamento, experiência, conhecimento e habilidade cirúrgica), o cirurgião deve procurar melhorar a aparência do seu paciente da maneira mais natural e equilibrada possível.
O primeiro e mais importante passo que criará condições para o sucesso na cirurgia plástica é a escolha do cirurgião. Afinal, considerando que nem todos os pacientes podem ser bons candidatos a uma determinada cirurgia e que um tipo de cirurgia pode não ser recomendável a todos que a solicitam, a avaliação honesta de um cirurgião experiente e adequadamente formado é fundamental para aumentar as chances de um resultado satisfatório. Portanto, recomendamos a escolha de um profissional integrante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. A obtenção deste título pelo cirurgião representa a fase final de uma longa formação que deve necessariamente incluir o diploma médico e residências em Cirurgia Geral e posteriormente Cirurgia Plástica. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, através de avaliações e fiscalização permanente destes serviços, credencia apenas os profissionais melhor qualificados na especialidade a cada ano.
A consulta é uma das etapas mais importantes de qualquer tratamento médico. Grande parte da ansiedade demonstrada por alguns pacientes pode ser atenuada pela consulta e que pacientes bem informados sobre o tratamento costumam evoluir de forma mais satisfatória. Portanto, uma boa consulta deve oferecer grande quantidade de informações sobre as queixas do paciente, a técnica cirúrgica mais indicada e detalhes sobre a evolução pós-operatória esperada em cada caso.
Um dos aspectos mais relevantes deste tipo de cirurgia é a segurança, já que trata-se de um procedimento eletivo. Portanto, qualquer paciente com indicação cirúrgica deve obrigatoriamente realizar os exames pré-operatórios referentes ao procedimento. Os resultados devem ser avaliados pela equipe cirúrgica antes da cirurgia, para que o paciente possa realizá-la em condições ideais. Pacientes portadores de anemia, distúrbios de coagulação e outras doenças não devem ser operados, devido ao aumento no risco de complicações como sangramentos, infecção e problemas na cicatrização. Outro detalhe fundamental é a escolha do local da cirurgia, que deve reunir todas as condições de segurança para este tipo de intervenção. Portanto, visando evitar complicações que podem até ser fatais, o cirurgião e o paciente devem investigar se o hospital ou clínica possuem aprovação das entidades fiscalizadoras antes da cirurgia.
Em termos de filosofia do tratamento cirúrgico, acreditamos que o procedimento escolhido deve ser sempre individualizado às características anatômicas de cada paciente. O objetivo deve ser a obtenção do rejuvenescimento através da técnica mais adequada e conservadora possível, minimizando as chances de lesão de estruturas funcionais nobres como músculos, vasos e nervos. Tecnicamente, uma cirurgia bem executada é aquela que reposiciona os tecidos em sua posição anatômica original sem tensão excessiva. Isto normalmente propiciará um resultado natural com cicatrizes de boa qualidade. Outro princípio fundamental, que se aplica principalmente à cirurgia de face, é a preservação das unidades anatômicas vizinhas às incisões empregadas. Neste caso, as principais são as orelhas e a implantação do “pé do cabelo”. Infelizmente, cirurgias mal planejadas podem gerar graves distorções que acabam estigmatizando o paciente e são frequentemente de difícil correção.
Os mais recentes e principais avanços da especialidade consistem da execução das principais cirurgias de face e mama com incisões (e consequentemente cicatrizes) reduzidas, tornando a recuperação pós-operatória mais rápida e confortável. Porém, estas técnicas devem ser utilizadas cuidadosamente e são geralmente indicadas para pacientes com graus mais leves de envelhecimento. O emprego destas em pacientes com sinais de envelhecimento acentuados, especialmente em relação à flacidez cutânea, pode gerar resultados incompletos e insatisfatórios.
O resultado final de uma cirurgia plástica só pode ser avaliado após um determinado período de tempo. Todos os pacientes devem ser informados sobre o invariável inchaço que tende a distorcer a região operada durante as primeiras semanas, tornando impossível avaliar os efeitos do tratamento precocemente. Com o passar do tempo, que pode variar de algumas semanas a poucos meses, a reabsorção do inchaço, acomodação dos tecidos e o amadurecimento das cicatrizes delineará a nova estrutura. Lembramos que a colaboração do paciente durante o acompanhamento pós-operatório, no sentido de seguir as orientações do médico, é fundamental. Naturalmente, o esquema de retornos deve ser planejado individualmente e varia de acordo com o procedimento realizado.
Ainda referente à análise dos resultados, é importante salientar que o processo de envelhecimento é contínuo. Após qualquer cirurgia, é inevitável que os tecidos sofram modificações com o tempo e é impossível prever quando e com qual intensidade isto acontecerá. Fatores como a genética, idade, características étnicas, estilo de vida, exposição solar, doenças e nutrição influenciam este equilíbrio. Dependendo do caso, novas cirurgias e/ou procedimentos estéticos podem ser indicados para a manutenção do rejuvenescimento.
A insatisfação após um tratamento bem executado é rara, embora isto seja possível devido aos critérios subjetivos com que os resultados são freqüentemente julgados. Afinal, o paciente submetido a uma cirurgia plástica expõe o trabalho realizado a constantes avaliações, mostrando o resultado aos amigos e conhecidos em seu meio social. Portanto, é fundamental que o paciente e o cirurgião percebam as potenciais limitações de cada procedimento, aceitando o nível de melhora possível de ser obtido em cada caso.
Como vimos, os segredos do sucesso de uma cirurgia plástica dependem de vários fatores. O seguimento dos princípios aqui expostos, aliado ao desenvolvimento de novos materiais, técnicas cirúrgicas e medicamentos tem ajudado a oferecer uma nova percepção corporal e harmonia interior a um grande número de pacientes. A execução ética, séria e responsável da especialidade assegurará a manutenção dos bons resultados e inegável reputação da escola brasileira de cirurgia plástica, que atualmente conta com vários formadores de opinião em eventos e publicações acadêmicas pelo mundo.
O Dr. Alan Landecker é formado em Medicina e Cirurgia Geral pela Universidade de São Paulo, com especialização em Cirurgia Plástica na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Serviço do Professor Ivo Pitanguy) e na Clínica Ivo Pitanguy. Realizou ainda estágios clínico-cirúrgicos e de pesquisa nas Universidades de Miami, Alabama, Pittsburgh, Nova York e Texas Southwestern, EUA. O Dr. Alan Landecker é membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS).
