MAMOPLASTIA REDUTORA: GUIA COMPLETO

INTRODUÇÃO

            As mamas, além de serem órgãos sexuais, simbolizam aspectos como beleza e feminilidade. Consequentemente, o aspecto das mamas é capaz de exercer uma influência significativa sobre a vida social, profissional e o estilo de vida da mulher moderna. Inclusive, mulheres com mamas grandes podem sofrer alterações psicológicas traumatizantes como sentimentos de vergonha, mudanças na vida sexual e queda da auto-estima. Felizmente, a mamoplastia pode ser capaz de ajudar a resolver muitos destes problemas.

A mamoplastia redutora tem como objetivo melhorar o formato das mamas através da remoção de tecido mamário, dos excessos de pele e do posicionamento da aréola e mamilo numa posição visualmente mais agradável. O procedimento pode ajudar muitas pacientes cujas mamas determinam, além dos problemas já referidos, algum grau de desconforto estético, dor nas costas e no pescoço, infecções na pele do sulco mamário e dor nos ombros devido à pressao da alça do sutiã sobre a pele. Todos estes fatores serão abordados durante a consulta, assim como as suas expectativas. 

A mamoplastia redutora, assim como qualquer procedimento cirúrgico, envolve a realização de incisões em alguma parte da mama. Para maximizar o resultado estético e o seu conforto, procuramos localizar estas incisões em locais estratégicos numa tentativa de tornar as cicatrizes menos perceptíveis. Apesar das cicatrizes permanecerem para sempre, o processo de maturação gradual pode fazer com que elas adquiram uma coloração muito semelhante à pele da mama após algum tempo.

A CONSULTA

Antes da consulta, você deve refletir cuidadosamente sobre os seus objetivos, especialmente em relação ao tamanho e formato das novas mamas. As suas idéias devem ser discutidas claramente com o cirurgião, permitindo um trabalho em sintonia visando a obtenção do melhor resultado possível.

Durante a consulta, avaliaremos a forma atual das suas mamas, a qualidade da pele, e a posição da aréola e mamilo. Após a análise destes fatores, poderemos formular um planejamento individualizado, indicando a melhor técnica para o seu caso.

A CIRURGIA

Atualmente, existem várias técnicas de mamoplastia redutora capazes de atingir níveis de satisfação e resultados excelentes. A tendência atual é tentar empregar, na medida do possível, as técnicas que utilizam incisões reduzidas, numa tentativa de proporcionar ao paciente um bom resultado com cicatrizes menores. Normalmente, estas técnicas são melhor indicadas para pacientes com pele de boa qualidade e aumento discreto a moderado do tamanho das mamas. Entretanto, algumas pacientes apresentam mamas com tamanho e/ou ptose acentuados; nestes casos, as técnicas tradicionais são mais eficazes e a cicatriz resultante é semelhante a uma âncora ou “T” invertido.

A Técnica Periareolar

            Em 1988, o Dr João Carlos Sampaio Góes desenvolveu a técnica de mamoplastia redutora utilizando uma incisão periareolar (na junção da aréola com a pele da mama) e uma tela de suporte. Neste procedimento, utilizamos uma tela “mista” (composta de elementos absorvíveis e inabsorvíveis) para construir um sutiã interno, oferecendo um resultado mais duradouro ao longo dos anos.

            Após a mamoplastia, a tendência dos tecidos é permanecer em posição até que o efeito da gravidade resulte na queda e perda de projeção das estruturas. Consequentemente, observa-se uma piora no formato das mamas, “anulando” os benefícios da cirurgia. Levando isto em consideração, decidimos buscar algum método que mantivesse as estruturas em posição, independente da ação da gravidade, por um tempo mais prolongado.

            Através de uma incisão periareolar, que normalmente resulta numa cicatriz bastante favorável na juncao da aréola com a pele da mama, o cirurgião remove os excessos de pele e tecido mamário, remodelando a forma da mama. A tela mista é colocada como um sutiã interno por cima das estruturas remodeladas, sendo fixada aos músculos da parede torácica antes de ser coberta pela pele. A presença da tela induz a produção de um tecido fibroso ao redor do tecido mamário(uma reação natural do corpo); este tecido e a parte inabsorvível da tela são capazes de manter as estruturas indefinidamente na posição ideal determinada durante a cirurgia.

            Finalmente, realizamos vários estudos mostrando que a presença da tela não causa rejeição e não aumenta o risco de câncer de mama.

Lipoaspiração

Os excepcionais resultados obtidos pela lipoaspiração em outras áreas do corpo levou à incorporação do método na cirurgia de mama. A lipoaspiração pode ser realizada antes, durante ou após a mamoplastia redutora, dependendo das características individuais de cada paciente. A aplicação do método antes do procedimento principal possibilita uma redução parcial do tamanho das mamas, tornando a mamoplastia subsequente mais segura, mais facilmente executável e com menor risco de complicações. Quando empregada durante e após a mamoplastia, a lipoaspiração permite a execução de importantes refinamentos no contorno das mamas.

Em algumas pacientes jovens com mamas grandes, bem formadas e cuja pele apresenta boa elasticidade, a utilização exclusiva da lipoaspiração ultrasônica (associada ou não à técnica convencional) pode ser suficiente para atingir um resultado satisfatório, apresentando a grande vantagem de deixar cicatrizes praticamente imperceptíveis.

RISCOS ESPECÍFICOS

ALTERAÇÕES NA SENSIBILIDADE DA MAMA: após a cirurgia, pode haver algum grau de alteração na sensibilidade da pele, aréola e mamilos, devido à interrupção de alguns nervos durante a abordagem das estruturas. Normalmente, verificamos o retorno gradual da sensibilidade após alguns meses; a perda permanente da sensibilidade no mamilo é muito rara.

ALTERAÇÕES DE CONSISTÊNCIA: áreas de firmeza excessiva podem aparecer na mama após a cirurgia devido ao processo de cicatrização e à degeneração de gordura. Estas alterações podem necessitar de biópsia para investigação ou cirurgias adicionais para a sua remoção.

AMAMENTAÇÃO: a mamoplastia redutora não costuma afetar a amamentação, embora a resposta individual de cada paciente seja imprevisível. Se você planeja engravidar após o procedimento, discuta isto com o cirurgião antes da cirurgia.

CÂNCER DE MAMA: o câncer de mama pode ocorrer independente da mamoplastia redutora. Inclusive, alguns consideram que o procedimento pode reduzir o risco de câncer de mama devido à retirada de tecido mamário. Mesmo assim, recomendamos que você continue realizando os auto-exames e mamografias conforme a orientação do seu mastologista.

 

ORIENTAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS

  • Repouse em casa por cinco dias após a cirurgia e obedeça rigorosamente à prescrição médica. Pequenas caminhadas devem ser realizadas a partir do dia seguinte à cirurgia, sempre junto a um adulto responsável.
  • Evite deitar de lado por duas semanas; deitar de bruços só é permitido após seis semanas.
  • Não eleve os braços acima do nível dos ombros por duas semanas.
  • O inchaço após a cirurgia costuma ser reabsorvido após duas semanas. Porém, a definição do resultado final só ocorre após alguns meses. As equimoses normalmente desaparecem nas primeiras duas semanas, embora possam permanecer por até quatro semanas.
  • O sutiã de suporte colocado no final da cirurgia deve ser usado continuamente (24 horas por dia) durante três semanas e apenas durante o dia por mais três semanas. A retirada do sutiã é permitida somente na hora do banho.
  • Os drenos são retirados no consultório, normalmente na primeira semana após a cirurgia, quando o débito for menor que 30 ml/dia. Em casa, caso tenha recebido alta ainda com os drenos, esvazie-os pela manhã e à noite, anotando sempre os débitos. Não esqueça de ordenhar os tubos (conforme orientado pelas nossas enfermeiras) para evitar o seu entupimento. 
  • Banhos no chuveiro são permitidos após dois dias ou após a retirada dos drenos; banhos na banheira ou qualquer forma de imersão devem ser evitados por duas semanas (ou enquanto houver suturas). Na hora do banho, remova todos os curativos abaixo do sutiã, exceto o Micropore. Após o banho, seque as mamas delicadamente, cubra as incisões e o mamilo com gaze limpa e recoloque o sutiã.
  • Não utilize cremes, loções e hidratantes nas mamas por uma semana.
  • Os pontos serão removidos no consultório, após aproximadamente 7-14 dias. Em algumas circunstâncias, optamos por retirá-los mais tardiamente visando a sua segurança.
  • Não carregue peso por três semanas, para evitar o risco de sangramento.
  • Viagens e o retorno ao trabalho são permitidos após uma semana. 
  • Você pode dirigir após uma semana, contanto que não haja desconforto nas mamas.
  • Evite as relações sexuais por pelo menos duas semanas.
  • Exercícios na bicicleta ergométrica, mantendo o tronco imóvel, são permitidos após duas semanas. Esportes vigorosos como tênis, corrida e golfe são permitidos após seis semanas. Exercícios com levantamento de peso não devem ser realizados por pelo menos dois meses. O sutiã de suporte deve ser utilizado durante os exercícios por pelo menos dois meses.
  • Não utilize medicamentos contendo aspirina e antiinflamatórios por pelo menos duas semanas após a cirurgia, para diminuir a chance de sangramentos.
  • Não utilize bebidas alcoólicas por duas semanas e não fume por pelo menos um mês, visando evitar a interferência nos processos de cicatrização.
  • Visando a obtenção de cicatrizes de boa qualidade, proteja as incisões do sol por pelo menos 1 ano utilizando filtros solares e roupas.
  • Finalmente, pedimos que entre em contato com a nossa equipe se tiver febre, calafrios, dor importante, dificuldade para urinar, secreção purulenta e/ou vermelhidão ao redor da incisão e qualquer aumento repentino do volume da região.