A realização desta cirurgia pode melhorar a auto-estima e enaltecer aspectos relacionados à feminilidade das pacientes. Afinal, a mulher não deve sentir vergonha ao vestir um maiô ou determinados tipos de roupa. Pacientes incomodadas pelo tamanho reduzido das suas mamas, cuja perda de peso e/ou a gravidez alterou a forma e tamanho das mamas, ou aquelas portadoras de assimetrias podem ser beneficiadas por esta cirurgia. Alem disso, a reconstrução mamária utilizando implantes pode ser executada com excelentes resultados.
A consulta médica é muito importante para o sucesso desta cirurgia. Apesar de parecer um procedimento simples, existem várias escolhas a serem consideradas e princípios que devem ser obedecidos rigorosamente. Por exemplo, fatores como as características da pele, consistência da mama, localização da incisão e o aumento desejado devem ser analisados individualmente de forma cuidadosa. Em geral, a combinação entre um cirurgião experiente, a obediência aos princípios acima e a utilização da técnica correta maximiza as chances de um resultado satisfatório.
A cuidadosa análise da largura, projeção e altura da mama é fundamental no planejamento cirúrgico e determinará a escolha do implante. Considerando a enorme variação das mamas existente na população, percebemos que um determinado tipo e tamanho de implante não deve ser indicado para todas as pacientes. Além disso, aspectos como o efeito de eventuais variações de peso, gravidez e cirurgias associadas devem ser claramente esclarecidos. Isto é importante porque estes fatores podem alterar o tamanho e a forma de suas mamas após a cirurgia de uma forma imprevisível.
Finalmente, antes da cirurgia, a paciente deve ser submetida à ultra-sonografia ou mamografia para investigação do tecido das mamas, visando descartar a presença de lesões suspeitas que mereçam investigação mais apurada.
Algumas Palavras Sobre O Silicone
O silicone e é um dos materiais mais inertes (não-reativos) utilizados na prática médica, sendo empregado na fabricação de seringas, substâncias lubrificantes e medicamentos. Na verdade, todos nós somos frequentemente expostos ao silicone durante nossas vidas. Inclusive, vários estudos recentes demonstraram que os implantes de silicone não causam doenças auto-imunes ou câncer de mama.
Implantes Mamários
Além do tamanho, os implantes mamários podem variar em termos da forma (redonda, natural e anatômica), características do envelope (liso, silicone texturizado e poliuretano) e material utilizado no seu interior (soro fisiológico, gel de silicone e outros). É importante lembrar que os implantes não duram para sempre; portanto, você deve considerar que novas cirurgias no futuro podem ser necessárias. Em geral, os fabricantes recomendam a troca dos implantes a cada 10-13 anos, embora haja pacientes que mantém seus ótimos resultados por períodos mais prolongados.
Tipo de Implante Mamário
Em geral, recomendamos a utilização de um implante de gel de silicone altamente coesivo na primeira cirurgia. Este material normalmente confere naturalidade ao resultado final por ter consistência muito parecida com o tecido mamário. Dependendo do perfil estrutural da sua mama, podemos optar por implantes de formato redondo, natural ou anatômico, oferecendo um melhor controle do formato da mama a longo prazo, especialmente em relação ao pólo superior).
Superfície do Implante
Os implantes mamáriospodem ser fabricados com uma superfície texturizada, lisa, ou de poliuretano. Em geral, os implantes com superfície de poliuretano e texturizada oferecem os melhores resultados a longo prazo, com menor incidência de contratura capsular (ver adiante).
A CIRURGIA
Incisões
O implante pode ser inserido basicamente através de três vias de acesso: por uma pequena incisão no sulco abaixo das mamas, na junção entre a aréola e a pele da mama, ou na axila. Cada uma destas tem suas vantagens e desvantagens, que devem ser discutidas amplamente. A escolha final dependerá da sua preferência, do formato das suas mamas, e da recomendação do cirurgião. Independente da técnica, o posicionamento das incisões e o nível de acabamento devem ser cuidadosos, visando tornar as cicatrizes finais praticamente imperceptíveis.
- INCISÃO NO SULCO INFRAMAMÁRIO: Utilizada devido à facilidade de acesso à mama (oferecendo um alto nível de controle durante o procedimento) e a possibilidade de utilizar vários tipos de implante. Uma incisão bem posicionada resultará numa cicatriz praticamente imperceptível, localizada exatamente no sulco abaixo das mamas.
- INCISÃO PERIAREOLAR: Preferida por muitos cirurgiões, a incisão periareolar é posicionada exatamente na interface entre a aréola e a pele da mama. Teoricamente, se o processo de cicatrização ocorrer normalmente, esta técnica oferece cicatrizes de ótima qualidade.
- INCISÃO AXILAR: É a incisão ideal se o objetivo principal é evitar cicatrizes na mama. Porém, esta abordagem pode ser considerada a mais difícil em termos da criação de uma loja de tamanho adequado, posicionamento preciso do implante e controle de eventuais sangramentos. Em outras palavras, esta técnica é a que mais depende do treinamento e da experiência do cirurgião. Recentemente, a incorporação de instrumentos endoscópicos (instrumentos acoplados a uma câmera de televisão) a esta abordagem permitiu maior precisão e controle dos fatores já mencionados. Entretanto, o cirurgião deve ser extremamente hábil no domínio do material endoscópico para maximizar as chances de um resultado satisfatório.
Finalmente, vale lembrar que os implantes mamários podem ser muito úteis na correção da ptose mamária. Este fenômeno, que ocorre frequentemente após a gravidez e em casos de emagrecimento importante, caracteriza-se pela “queda” das mamas com perda do contorno estético agradável especialmente na região do pólo superior. Quando não existe tecido suficiente na própria mama, o volume anterior pode ser restaurado utilizando o implante e a flacidez de pele ajustada através de uma incisão periareolar, vertical, em “T” invertido ou uma combinação delas. Em geral, o tamanho e tipo de cicatriz acaba sendo proporcional ao grau de flacidez presente.
Localização dos Implantes
Basicamente, o implante pode ser colocado entre o tecido mamário e o músculo peitoral (posição submamária), entre a fáscia peitoral e o músculo peitoral (posição subfascial) ou entre o músculo peitoral e a parede torácica (posição submuscular). A escolha da técnica depende fundamentalmente da espessura da pele e da quantidade de tecido mamário disponível para cobrir o implante.
Em geral, a colocação do implante na posição submamária ou subfascial permite um controle mais preciso e previsível em termos do resultado final. Além disso, há menos chance de distorção da mama devido ao deslocamento do implante com a contração muscular. Em outras palavras, as chances de um resultado estético satisfatório aumentam significativamente. Porém, um pré-requisito fundamental é haver tecido suficiente para cobrir o implante, já que caso contrário as bordas podem ficar visíveis e/ou palpáveis. Em pacientes muito magras com pouco tecido no pólo superior da mama, a abordagem submuscular pode evitar estas ocorrências.
Localização dos Mamilos e da Aréola
Após a cirurgia, os mamilos apontarão na mesma direção de anteriormente. Qualquer correção na sua posição aumenta significativamente o risco de lesão dos nervos responsáveis pela sensibilidade e resultará obrigatoriamente em uma cicatriz visível em volta da aréola. Consequentemente, o reposicionamento cirúrgico destas estruturas só deve ser realizado em pacientes com alterações graves de posicionamento, assimetrias muito pronunciadas entre os dois lados ou naquelas dispostas a aceitar os riscos envolvidos.
A CONTRATURA CAPSULAR
Após esta cirurgia, a reação natural do corpo é formar uma membrana fibrosa chamada cápsula ao redor do implante. Normalmente, o implante descansará naturalmente no interior desta cápsula, que permanece fina e em repouso. Infelizmente, em algumas pacientes este tecido pode contrair, levando a mama a ficar mais arredondada, firme, apresentar bordas marcadas, uma aparência não natural e possivelmente dor. Isto pode ocorrer logo após a cirurgia ou após alguns anos e a intensidade desta resposta é variável e imprevisível.
Felizmente, fatores como a modernização do material utilizado na fabricação dos implantes, refinamento da técnica cirúrgica e utilização de medicamentos específicos diminuíram a incidência da contratura capsular significativamente. Atualmente, este fenômeno ocorre em menos de 2-4% das pacientes e o tratamento consiste basicamente da retirada do tecido cicatricial e a remoção ou troca do implante.
A RECUPERAÇÃO
Pacientes submetidos à inclusão de implantes mamários devem permanecer em repouso absoluto por cerca de 2 dias, evitando elevar os braços acima do nível dos ombros por 2-3 semanas. Quando utilizados, os drenos são normalmente removidos após 1-2 dias. A utilização de um sutiã apropriado por 1-2 meses é recomendada para permitir a cicatrização dos tecidos, manter o implante na posição ideal e acelerar a reabsorção do inchaço. O resultado final pode ser apreciado somente com a acomodação total dos tecidos e a reabsorção total do inchaço, que ocorrem tipicamente após 3-6 meses.
Os pontos são removidos após aproximadamente 7-14 dias e o retorno às atividades físicas permitido após 1 mês. Qualquer modalidade esportiva que utilize os braços de forma intensa deve ser evitada por 2 meses. Finalmente, recomendamos o tratamento das cicatrizes durante os primeiros 6 meses, visando evitar cicatrizes escurecidas, hipertróficas e quelóides.
Após a cirurgia, todas as pacientes devem continuar realizando a prevenção do câncer de mama através de auto-exames freqüentes, mamografias regulares e consultas com o mastologista. Após a cirurgia, as mamografias deverão ser realizadas por um radiologista especializado, que poderá utilizar técnicas específicas e adaptadas à presença de implantes mamários. Portanto, é fundamental que ele seja informado sobre a presença dos implantes na hora do exame.