BLEFAROPLASTIA

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A região dos olhos contribui de forma significativa para a manutenção da harmonia facial. A partir da terceira década de vida, os olhos sofrem alterações marcantes que podem levar a uma aparência mais envelhecida e cansada, além da possível interferência sobre a visão. A pele das pálpebras torna-se mais flácida e delgada, fazendo com que a estrutura óssea subjacente fique mais evidente- isto faz com que o olho pareça “encovado”. Além disso, a gordura contida nas bolsas palpebrais tende a se projetar para fora. Estes fatores resultam num desequilíbrio entre os olhos e o contorno dos ossos da face. 

A blefaroplastia é um procedimento capaz de corrigir estes sinais, visando suavizar a transição entre os olhos e a estrutura óssea adjacente. Porém, a blefaroplastia não é capaz de remover os “pés de galinha”, rugas profundas, áreas escuras em volta dos olhos, e sobrancelhas caídas. O procedimento pode ser realizado sozinho (somente nas pálpebras superiores, inferiores, ou ambas) ou associado a outras cirurgias.

 A CONSULTA 

Os melhores candidatos para a blefaroplastia são pacientes saudáveis, psicologicamente estáveis e com expectativas realistas. A maioria tem mais de 35 anos; porém, algumas famílias apresentam uma tendência à flacidez palpebral precoce- nestes pacientes o procedimento pode ser realizado mais cedo.  Algumas doenças podem interferir nos riscos da blefaroplastia, como hipotiroidismo, doença de Graves, hipertensão, diabetes, doença cardiovascular, glaucoma e descolamento de retina.  Portanto, não esqueça de nos informar sobre os seus antecedentes.

Durante a consulta, discutiremos as suas expectativas cuidadosamente. É fundamental que você nos informe sobre qualquer problema existente nos seus olhos.  Inclusive, recomendamos um exame oftalmológico antes da cirurgia e pedimos que traga um relatório sobre a avaliação. Se você usa óculos ou lentes de contato, não esqueça de trazê-las.

RISCOS ESPECÍFICOS

PERDA DE CÍLIOS: raramente, a perda de cílios pode ocorrer na pálpebra inferior, próximo do local onde a pele foi retirada durante a cirurgia. Esta perda pode ser temporária ou permanente.

EXPOSIÇÃO DA CÓRNEA E SUAS CONSEQUÊNCIAS: raramente, alguns pacientes podem ter dificuldades para fechar os olhos após a cirurgia. Nestes casos, pode ocorrer  ressecamento e ulceração da córnea. Caso isto ocorra, tratamentos adicionais ou até cirurgia podem ser necessários. Pacientes com olhos naturalmente ressecados devem ser cuidadosamente avaliados antes da cirurgia, já que distúrbios permanentes na produção de lágrimas podem ocorrer após a blefaroplastia, embora raramente. 

ECTRÓPIO: o ectrópio ocorre quando a pálpebra inferior perde o contato com o globo ocular de forma permanente. A ocorrência deste fenômeno é relativamente rara e pode necessitar de cirurgia adicional para a sua correção.

CEGUEIRA: a cegueira é extremamente rara após este tipo de procedimento. Porém, ela pode ocorrer devido a sangramento interno ao redor dos olhos durante ou após a cirurgia.

 A CIRURGIA

A blefaroplastia é realizada através de incisões localizadas nas linhas naturais das pálpebras: nas dobras das pálpebras superiores, e logo abaixo dos cílios nas pálpebras inferiores. Estas incisões podem ser prolongadas para dentro das rugas no canto externo dos olhos. Após incisar a pele, o cirurgião separa a pele da musculatura e gordura subjacentes, retira os excessos de gordura das bolsas palpebrais e remove as áreas de músculo e pele flácidos. As incisões são suturadas com fios finos e delicados.  A região das pálpebras apresenta um perfil de cicatrização muito favorável e as cicatrizes tendem a se tornar imperceptíveis após alguns meses.

Alguns pacientes (normalmente jovens com pele mais espessa e elástica) possuem bolsas de gordura abaixo das pálpebras inferiores sem flacidez de pele associada. Neste caso podemos indicar a blefaroplastia transconjuntival, onde a incisão e a remoção de gordura das bolsas pode ser realizada através de uma incisão por dentro da pálpebra inferior, sem deixar cicatrizes externas.

Alguns pacientes podem apresentar uma queda variável do canto lateral dos olhos com exposição da conjuntiva (área branca dos olhos) abaixo da íris (parte colorida dos olhos), acentuando a aparência de envelhecimento da região. Nestes pacientes podemos realizar a cantopexia, um procedimento que reposiciona o canto lateral através de um ponto de fixação nos ossos ao redor do olho,  visando reestabelecer um contorno esteticamente satisfatório.

Ao final da cirurgia, uma pomada antibiótica é aplicada nos olhos e uma gaze úmida é colocada em cima das pálpebras.

CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS

  • Siga rigorosamente as orientações e a prescrição médica fornecida pela nossa equipe.
  • Permaneça em repouso por 48 horas após a cirurgia, minimizando as visitas e conversas ao telefone.  
  • Procure permanecer em casa por cinco dias, evitando longas caminhadas nos primeiros dias, já que poderá haver lacrimejamento e desconforto nos olhos. Quando sair, não esqueça de utilizar um óculos de sol, evitando a luz solar direta.
  • Pode haver uma sensação de leve queimação e embaçamento visual após a cirurgia, causada normalmente pela medicação usada durante o procedimento. Isto desaparece habitualmente nas primeiras 24 horas. Por isso, tarefas simples como ler e ver televisão podem ser desconfortáveis por alguns dias. Caso seja necessário, prescreveremos um colírio para aliviar estes sintomas. 
  • Grande parte do inchaço e das equimoses desaparecem após cinco dias a duas semanas, embora possa haver um inchaço residual por até dois meses.  Para acelerar a resolução destes sintomas, aplique compressas geladas nos olhos, várias vezes ao dia, especialmente nos primeiros três dias. Sugerimos colocar várias gazes molhadas no freezer, utilizar um pequeno saco de gêlo picado envolvido num pano úmido, ou simplesmente molhar uma gaze numa bacia com água e gêlo. 
  • Mantenha a cabeça sempre elevada e durma com dois travesseiros por duas semanas.
  • Ocasionalmente, o inchaço na pálpebra inferior pode separá-la do globo ocular. Isto normalmente resolve com o tempo; porém, o uso não-autorizado de substâncias cosméticas pode prolongar este período.
  • As incisões nas pálpebras podem apresentar saída de secreção nos primeiros dois dias. No caso da  blefaroplastia transconjuntival, pode haver um pequeno acúmulo de sangue nos olhos. Você pode remover estas secreções cuidadosamente utilizando um cotonete. 
  • Ocasionalmente, pequenos cistos esbranquiçados podem aparecer nas incisões (principalmente na pálpebra superior), devido ao bloqueio das glândulas sebáceas da pele. Se isto acontecer, ligue para a nossa equipe e não se preocupe- os cistos normalmente desaparecem após a expressão do seu conteúdo.
  • Lave os olhos delicadamente com soro fisiológico duas vezes ao dia. Limpe as linhas de sutura seis vezes ao dia utilizando um cotonete e água oxigenada, evitando o contato da substância com os olhos. Após a limpeza, utilizando um cotonete limpo, aplique uma pequena quantidade da pomada antibiótica prescrita somente sobre as incisões. 
  • Você pode lavar o rosto (excluindo os olhos) após dois dias e os cabelos após três dias.  A melhor forma de lavar os cabelos é no chuveiro com a cabeça para trás, evitando a entrada de xampu nos olhos. Jamais lave os cabelos debruçando-se sobre a pia.  O secador deve ser sempre regulado no modo “ar frio” nas primeiras duas semanas.
  • A utilização de qualquer tipo de maquiagem na região dos olhos só e permitida após uma semana. Recomendamos o uso de produtos hipoalergênicos e pedimos que descontinue o uso de qualquer produto que leve a inchaço ou prurido nos olhos.  Não esqueça de remover toda a maquiagem no final do dia, com movimentos suaves e delicados. Cílios postiços não devem ser utilizados por duas semanas.  
  • O uso de óculos é permitido imediatamente após a cirurgia. As lentes de contato são permitidas  após dez dias e podem parecer desconfortáveis inicialmente.
  • Evite qualquer tipo de trauma sobre os olhos após a cirurgia. Por isso, recomendamos que durma sozinha e evite contato com crianças pequenas durante uma semana.
  • Não carregue peso por uma semana, para minimizar o risco de sangramento. 
  • O retorno ao trabalho, viajar, e dirigir são permitidos após uma semana.  
  • Evite as relações sexuais por duas semanas.
  • Os esportes que não envolvem contato físico podem ser iniciados após três semanas. Esportes de contato ou com bolas devem ser evitados por seis semanas.
  • Evite bebidas alcoólicas por duas semanas, já que o álcool tende a aumentar o inchaço e a chance de sangramento.
  • Não fume por pelo menos três semanas após a cirurgia.
  • Evite todos os medicamentos contidos na lista de medicamentos proibidos (capítulo). 
  • Ligue imediatamente para a nossa equipe se houver qualquer sangramento persistente, sinais de infecção e principalmente alterações visuais repentinas.

por DR. ALAN LANDECKER